ECOS DAS OLIMPÍADAS DE TOKYO 2020-2021

11/08/2021 às 2:20 | Publicado em Artigos e textos, Zuniversitas | Deixe um comentário
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Excelente esse artigo do Professor Paulo Ormindo de Azevedo (UFBA), vale a pena conferir !


Olimpiadas_Tokio_2021


JOGOS DE GUERRA OLÍMPICOS

As Olimpíadas tiveram origem no século VIII a.C., na Grécia, e serviam para dar unidade ao império. Jogos que foram ressuscitados em 1896 e passaram a ser realizados a cada quatro anos, a partir de 1924. Sua função também mudou com o tempo. Os jogos de 1936 na Alemanha tiveram caráter nitidamente racista, com os nazistas tentando mostrar a superioridade ariana sobre as demais etnias. Durante a guerra fria, americanos e soviéticos travaram batalhas por medalhas nas Olimpíadas para mostrarem quem era mais forte. A guerra fria está de volta. Disputas esportivas fazem parte do chamado poder brando (soft power), e o resultado mais palpável dessa diplomacia ocorreu no Torneio Mundial de Pingue Pongue, de 1971, no Japão, quando os malvados chineses convidaram a delegação dos EUA para uma revanche em Pequim, autorizada imediatamente por Nixon, rompendo a cortina de bambu que separava os dois países.

Hoje, num mundo menos bipolar, os países lutam para levar o maior número de atletas para as Olimpíadas, como forma de conseguirem um lugar ao sol. O discreto desempenho do Brasil, entre os maiores países do mundo, decorre do pouco investimento que fazemos em esportes e da necessidade de exportarmos atletas e convocá-los na última hora para representar o país. Não se veem jogadores japoneses, chineses ou russos em times europeus ou americanos, como os nossos. Em países desenvolvidos, equipes olímpicas são treinadas durante pelo menos quatro anos.

São verdadeiros milagres que um surfista de Baía Formosa, no Nordeste sofrido, como Ítalo Ferreira, possa vencer um americano ou um japonês que treina em Honolulu, e uma ginasta da periferia de São Paulo, como Rebeca Andrade, possa ganhar medalhas de ouro e prata, quando suas competidoras têm patrocínio, regimes alimentares especiais e massagista para aliviar suas dores entre as apresentações. Hoje, as Olimpíadas seguem o paradigma da máquina mercantil, que cobra de cada um o máximo de rendimento à custa de estresse e esforço sobre-humano. Os bastidores das Olimpíadas são nojentos: corrupção nas escolhas das sedes, assédio sexual de treinadores, doping e atletas tratados como animais de corrida, sob o chicote de seus jóqueis, para ganharem por una cabeza (Gardel).

Para mim, as grandes vencedoras desta Olimpíada foram a americana Simone Biles, ao denunciar corajosamente: “Não somos apenas atletas, somos pessoas[…] Há vida, além da ginástica”, e a adolescente brasileira Rayssa Leal, que não ligou para o cronômetroedeu uma lição de infância, brincando sorridente com seu skate, como a Fadinha de Imperatriz. As duas foram as notas humanas desses embates lacrimosos e sem graça em coliseus desertos e inúteis, cujos investimentos poderiam ter salvado muitas vidas.

(Paulo Ormindo de Azevedo)

FONTE: JORNAL A TARDE, SALVADOR-BA, 08.08.2021

Os artilheiros que superaram Pelé

09/07/2017 às 3:32 | Publicado em Artigos e textos | Deixe um comentário
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Domingo, dia de futebol. Vejam que artigo interessante !


ESPECIAL: Jósef Bican, Arthur Friedenreich e outros artilheiros que superaram Pelé

O brasileiro ocupa o quinto lugar na ordem dos grandes artilheiros, apesar de ser considerado o maior jogador de todos os tempos

Campinas, SP, 16 (AFI) – Fazer 1.000 gols em toda a carreira profissional não é tarefa fácil para qualquer jogador de futebol. Muitos até tentaram, chegaram perto, mas não conseguiram superar a barreira dos 1.000 gols, marca histórica para os jogadores de ponta. E não foi só o “Rei da bola”, Pelé, que registrou esse feito com muita festa, merecendo inclusive comemorações no estádio do Maracanã, num jogo entre Santos e Vasco pelo Torneio Roberto Gomes Pedrosa, e diante de mais de 65 mil torcedores.

Nesse jogo, o goleiro do Vasco era o argentino Edgardo Andrada, ex-jogador do Rosário Central, e que passou para a história como o goleiro que tomou o milésimo gol de Pelé, aos 33 minutos do segundo tempo, cobrando pênalti, no dia 19 de novembro de 1969. Pelé comemorou com muita festa, sendo ovacionado freneticamente pelos torcedores brasileiros que compareceram ao Maracanã. Ele deu a volta olímpica em torno do gramado, chorou de emoção e se lembrou das criancinhas carentes brasileiras. Foi até um gesto humanitário do “Rei da bola”.

Jogando pelo Santos, Pelé foi 11 vezes o principal artilheiro do Campeonato Paulista, sendo nove vezes consecutivos, de 1957 à 1965, além de 1969 e 1973. Só em 1958 registrou uma marca histórica e que nunca foi superado: 58 gols. Em toda a carreira Pelé fez 1.268 gols. Nas pesquisas Pelé aparece com 1.284 gols, mas foram incluídos 13 gols que ele fez jogando pela seleção do exército brasileiro, e mais três gols entre sindicatos de São Paulo e do Rio. Esses 16 gols foram desconsiderados por mim para efeitos de estatísticas.

 

 

Para surpresa geral, Pelé não é o único jogador no mundo a superar a barreira dos 1.000 gols - Foto: Santos FC / Arquivo

Para surpresa geral, Pelé não é o único jogador no mundo a superar a barreira dos 1.000 gols

PELÉ É APENAS O QUINTO MAIOR
Para surpresa geral, Pelé não é o único jogador no mundo a superar a barreira dos 1.000 gols. Também não é o maior artilheiro de todos os tempos como muita gente pensa. Na verdade, Pelé ocupa o quinto lugar na ordem dos grandes artilheiros do futebol, apesar de ser considerado o maior jogador do mundo em todos os tempos.

A repercussão de Pelé na mídia foi muito maior em relação aos outros jogadores. E ele viveu futebolisticamente numa época em que o destaque dos seus feitos teve maior amplitude, o que não aconteceu com outros jogadores do passado, que foram geniais em suas épocas, e que muita gente nem ficou sabendo. Passaram para a história como mero coadjuvantes do futebol mundial. Mas quero resgatar a história desses grandes talentos que se perderam ao longo do tempo.

CONHECE JÓSEF BICAN?
O maior artilheiro do mundo em todos os tempos foi o austríaco Jósef Bican, mais conhecido como Pepi Bican, de origem tcheca, e que fez na carreira 1.468 gols. Ele viveu nas décadas de 20 à 50 do século passado. Se destacou jogando em equipes austríacas e tchecas, principalmente no Rapid Viena e no Slávia Praga. Comenta-se que ele teria feito cinco mil gols em toda a carreira. Mas isso é um mito. Bican jogou durante 25 anos e seria impossível ter chegado a essa marca. A diferença é de 3.532 gols. Bican também participou da Copa do Mundo de 1934, na Itália, e deixou a sua marca de artilheiro contra a França.

O maior artilheiro do mundo em todos os tempos foi o austríaco Jósef Bican, mais conhecido como Pepi Bican - Foto: Arquivo / Slavia Praha

O maior artilheiro do mundo em todos os tempos foi o austríaco Jósef Bican, mais conhecido como Pepi Bican

Para muita gente isso pode ser uma surpresa, um jogador pouco divulgado pela imprensa mundial e que teria superado Pelé com 200 gols a mais. Porém, os números provam que Jósef Bican foi tão genial quanto Pelé, mas não teve a mesma repercusão na mídia. Os tempos eram outros e os meios de comunicação totalmente diferentes.

Pela ordem, o segundo maior artilheiro foi o alemão Gerd Müller, autor de 1.461 gols. Esse jogador foi astro do Bayern Munique com 571 gols, brilhou na Copa do Mundo de 1974, realizada na Alemanha Ocidental. Foi uma estrela de quinta grandeza e deixou a sua marca na história. Müller, além de habilidoso, era um grande artilheiro, mostrando as qualidades dos grandes jogadores da Alemanha. E sem dúvida alguma Gerd Müller foi o maior de todos.

MAIS UM BRASILEIRO
Depois de Gerd Müller vem outro brasileiro, bastante conhecido pela mídia esportiva, e que muita gente não viu jogar. Trata-se de Arthur Friedenreich, filho de pai alemão e mãe brasileira (negra). Por isso Friedenreich nasceu mestiço. Ele viveu nas décadas de 10 à 30 do século passado, quando o futebol no Brasil ainda era amador. Mas segundo aqueles que o viram jogar, foi um talento que marcou a sua época no futebol. E se não fosse a briga entre a cartolagem brasileira (cariocas versus paulistas), poderia ter disputado a Copa do Mundo de 1930, realizada no Uruguai. E o mundo perdeu a oportunidade de vê-lo em ação. Friedenreich marcou mais gols que Pelé, num total de 1.329 gols.

E segundo historiadores, teria feito dois mil gols na carreira. Mas esses números não foram confirmados . Fried foi astro do Paulistano, de São Paulo, além de outros times como o São Paulo da Floresta. Ele foi oito vezes o principal artilheiro do Campeonato Paulista, sendo três vezes consecutivas, 1917, 1918 e 1919, além de 1912, 1914, 1921, 1927 e 1929. A exemplo de Bican, Friedenreich viveu num período em que não existia os meios de comunicação como existem hoje. Os números apresentados por historiadores sobre a carreira de Friedenreich são contestados até hoje. Mas existem provas de que ele teria feito 1.329 gols em 1.239 jogos.

O sérvio Slobodan Santrac, que jogou no período em que existia a antiga Iugoslávia nas décadas de 60 e 70 do século passado, também foi um grande artilheiro, figurando em quarto lugar pela ordem. Ele foi destaque do Belgrado, onde fez história. Em toda a carreira ele fez 1.301 gols, sendo o maior artilheiro em seu país.

 

 

Arthur Friedenreich é o primeiro brasileiro da lista, tendo marcado 1.329 gols - Foto: São Paulo FC / Arquivo

Arthur Friedenreich é o primeiro brasileiro da lista, tendo marcado 1.329 gols

HÚNGARO QUE ENCANTOU O MUNDO
Outro grande talento e considerado como um dos maiores jogadores de todos os tempos foi o húngaro Ferénc Puskás, que encantou dois países: Hungria e Espanha. Aliás, ele jogou pelas duas seleções em Copas do Mundo: 1954 pela Hungria, e 1962, pela Espanha. Na época os jogadores tinham a possibilidade de atuar por países diferentes desde que se naturalizassem. E Puskás fez história no Real Madrid, tendo feito por essa equipe 156 gols. Mas a fase de ouro de Puskás foi no Honvéd, da Hungria, onde fez 352 gols. Em toda a carreira Puskás marcou 1.176 gols.

Logo abaixo vem o polonês Ernest Wilimowski, jogador veloz e que tinha muita intimidade com a bola. Ele se destacou na Copa do Mundo de 1938, disputada na França, principalmente no jogo de mata-mata com o Brasil. Foi um jogo emocionante e de muitos gols. Apesar da derrota da Polônia para o Brasil por 6 a 5, Wilimowski fez quatro gols nessa partida e deu muito trabalho para o Brasil. O atacante foi astro do Ruch Wielkie Hajduki. Fez 112 gols por essa equipe e em toda a carreira 1.175 gols.

Eusébio, a “Pantera de Moçambique”, foi o maior jogador do futebol português e um dos principais destaques da Copa do Mundo de 1966, realizada na Inglaterra. Brilhou e conquistou muitos títulos no Benfica. Era chamado de “Pelé português”, principalmente pela habilidade e toque de classe. Era um fenômeno dentro de campo e que deixou saudades nos torcedores portugueses. Pelo Benfica Eusébio marcou 638 gols e em toda a carreira 1.137 gols.

FECHANDO A LISTA
Mais um polonês que aparece na lista dos jogadores que fizeram mais de 1.000 gols é Waclaw Kuchar, que além de um grande artilheiro, foi um grande atleta e participou de várias competições de atletismo. Foi recordista dos 400 e 800 metros rasos na Olimpíada de 1920, realizada em Antuérpia, na Bélgica. No futebol defendeu o Pogón Lwów. Marcou 1.065 gols por essa equipe e mais cinco pela seleção da Polônia. Ao todo fez 1.070 gols em toda a carreira.

Outro sérvio que figura na lista dos artilheiros com mais de 1.000 gols foi Blagoje Marjanovic, mais conhecido como Mosa Marjanovic, que também atuou pela antiga Iugoslávia nas décadas de 20 à 40 do século passado. Também brilhou no Belgrado, o time mais popular e famoso da Sérvia. Nessa equipe ele fez 575 gols e em toda a carreira 1.018 gols.

E finalmente, mais um austríaco aparece na lista. É Franz Binder, mais conhecido por Bimbo Binder, astro do Rapid Viena, e que jogou nessa equipe nas décadas de 20 a 30 do século passado. Foi um grande artilheiro, bastante habilidoso, deu muitas alegrias aos torcedores austríacos e fez em toda a carreira 1.006 gols.


JOSÉ MANOEL DRESSLER é jornalista esportivo, trabalhou nos jornais A Gazeta Esportiva, Popular da Tarde, Diário Popular, Folha da Tarde e Agora São Paulo. Ele publicou o livro Almanaque dos Artilheiros. tendo feito uma pesquisa profunda sobre os grandes artilheiros do mundo em todos os tempos. É um livro inédito e interessante para os amantes do futebol, que gostam de pesquisas, números e estatísticas. esse livro está à venda pela internet nas Livrarias Cultura, Asabeça e Martins Fontes.

FONTE: https://www.futebolinterior.com.br/futebol/4/noticias/2017-05/Josef-Bican-Arthur-Friedenreich-e-outros-que-superaram-Pele

A César o que é de César

12/06/2014 às 3:50 | Publicado em Artigos e textos | Deixe um comentário
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Hoje é um dia especial na vida de todo brasileiro. Como não poderia deixar de ser, havia eu que fazer um post igualmente especial. Segue, pois, um excelente texto para reflexão dos conterrâneos dessa bela Pindorama. Pouca gente se lembra, ou quer se lembrar, que foi ele, Lula, com o seu esforço e prestígio internacional, que conseguiu essa Copa para o Brasil. Mesmo correndo sério risco de perder mais alguns leitores, me sinto na obrigação de divulgar esse texto, porque do célebre complexo desvendado por Nélson Rodrigues eu já me considero livre: vira-lata nunca !

 

RUMO AO HEXA BRASIL !

Brasil_futebol


O mundo se encontra no Brasil

Quando era presidente da República, trabalhei intensamente para que a Copa do Mundo de 2014 fosse realizada no Brasil. E não o fiz por razões econômicas ou políticas, mas pelo que o futebol representa para todos os povos e, particularmente, para o povo brasileiro. A nossa população apoiou com entusiasmo a ideia, rejeitando o preconceito elitista dos que dizem que um evento desse porte “é coisa de país rico”, e se esquecem de que o Uruguai, o Chile, o México, a Argentina, a África do Sul e o próprio Brasil já o sediaram com sucesso.

O futebol é o único esporte realmente universal, praticado e amado em todos os países, por pessoas das mais diferentes classes, etnias, culturas e religiões.

E talvez nenhum outro país do mundo tenha a sua identidade tão ligada ao futebol quanto o Brasil. Ele não foi apenas assimilado, mas, de alguma forma, também transfigurado pela ginga e pela mistura de raças brasileiras. Nos pés de descendentes de africanos ganhou um novo ritmo, beleza e arte. Durante muitos anos, foi um dos poucos espaços, junto com a música popular, em que os negros podiam mostrar o seu talento, enfrentando com alegria libertária a discriminação racial. Não é por outra razão que o futebol e a música são muitas vezes a primeira coisa que um estrangeiro lembra quando se fala do Brasil.

Para nós, o futebol é mais do que um esporte, é uma paixão nacional, que vai muito além dos clubes profissionais. Milhões de pessoas o praticam, amadoristicamente, no seu dia a dia, nos quintais, nos terrenos baldios, nas praias, nos parques, nas praças públicas, nas ruas da periferia, nos pátios das escolas e das fábricas. Onde houver uma área disponível, por menor que seja, ali se improvisa uma partida de futebol. Se não tem bola de couro, joga-se com bola de plástico, de borracha ou de pano. Em último caso, até com uma latinha vazia.

Em 1958, na Suécia, uma seleção espetacular encantou o planeta, ganhando nosso primeiro título mundial. Eu tinha doze anos, e juntei um grupo de amigos para ouvirmos a partida final num campinho de várzea com um pequeno rádio de pilha. Nossa fantasia compensava com sobras a falta de imagens, viajando na voz do locutor. Ela nos transportava como num tapete mágico para dentro do Estádio Rasunda de Estocolmo. E ali não éramos apenas espectadores, mas jogávamos… Eu sonhava em ser jogador de futebol, não presidente do Brasil.

O grande escritor Nelson Rodrigues, nosso maior dramaturgo, disse que com aquela vitória conquistada por gênios da bola como Pelé, Garrincha e Didi o Brasil tinha superado o seu “complexo de vira-lata”. E que complexo seria esse? “É a inferioridade – dizia ele – em que o brasileiro se coloca, voluntariamente, em face do mundo”. Atrevendo-se a ser campeão, era como se o Brasil estivesse dizendo a si mesmo e aos demais países: “Sim, nós podemos ser tão bons quanto qualquer um”.

Naquela época, o Brasil estava começando a se industrializar, tinha criado a sua própria empresa de petróleo e o seu banco de desenvolvimento, as classes populares reivindicavam democraticamente melhores condições de vida e maior participação nas decisões do país – mas os setores privilegiados diziam que isso era um erro gravíssimo, fruto de “politicagem” ou “esquerdismo”, já que comprovadamente não existia petróleo em nosso território e não tínhamos necessidade alguma de inclusão social e muito menos de uma indústria nacional…

Alguns chegavam a afirmar que uma nação como a nossa, atrasada, mestiça – de povo “ignorante e preguiçoso”, segundo um estereótipo muito difundido dentro e fora do país – devia conformar-se com o seu destino subalterno, sem ficar alimentando sonhos irrealizáveis de progresso econômico e justiça social.

Na verdade, não é fácil superar o “complexo de vira-lata”. Fomos colônia por mais de 320 anos, e a pior herança dessa condição é a persistência da mentalidade colonizada de servidão voluntária…

Entre 1958 e 2010, ganhamos cinco campeonatos mundiais de futebol. Somos até agora a nação com maior número de títulos conquistados. Mas o melhor de tudo é que o saudável atrevimento do povo brasileiro não se limitou ao âmbito esportivo.

O Brasil que o mundo vai conhecer a partir de 12 de junho é um país muito diferente daquele que sediou a Copa de 1950, quando perdeu na final para o Uruguai. Ainda tem problemas e desafios, alguns bastante complexos, como qualquer outra nação, mas já não é mais o eterno “país do futuro”. O país de hoje é mais próspero e equitativo do que era há seis décadas. Entre outras razões porque a nossa gente – principalmente a que vive no “andar de baixo” da sociedade” – libertou-se dos preconceitos elitistas e colonialistas e passou a acreditar em si mesma e nas possibilidades do país. Descobriu que, além de vencer competições mundiais de futebol, podia também vencer a fome, a pobreza, o atraso produtivo e a desigualdade social. Que a mestiçagem, longe de ser um obstáculo – pior: um estigma – é uma das maiores riquezas do nosso país.

É esse novo Brasil que vai sediar a Copa. Um país que já é a sétima economia do planeta e que, em pouco mais de dez anos, tirou 36 milhões de pessoas da miséria e levou 42 milhões para a classe média. É o país com as taxas de desemprego mais baixas da sua história. Que, segundo a OCDE, entre todos os países do mundo, foi um dos que mais aumentou nos últimos anos o investimento em educação. Um país que se orgulha de todas essas conquistas, mas não esconde os seus problemas, e se empenha em resolvê-los.

Recentemente, a Copa do Mundo tornou-se objeto de feroz luta política e eleitoral no Brasil. Á medida que se aproxima a eleição presidencial de outubro, os ataques ao evento tornam-se cada vez mais sectários e irracionais. As críticas, naturalmente, são parte da vida democrática. Quando feitas com honestidade, ajudam a aperfeiçoar a preparação do país para esse grande acontecimento esportivo. Mas determinados setores parecem desejar o fracasso da Copa, como se disso dependessem as suas chances eleitorais. E não hesitam em disseminar informações falsas que às vezes são reproduzidas pela própria imprensa internacional sem o cuidado de checar a sua veracidade. O país, no entanto, está preparado, dentro e fora de campo, para realizar uma boa Copa do Mundo – e vai fazê-lo.

A nossa seleção foi a única a participar de as 19 edições da Copa do Mundo e sempre fomos muito bem recebidos nos outros países. Chegou a hora de retribuir com hospitalidade e alegria tipicamente brasileiras. A procura de bilhetes tem sido forte, com pedidos de mais de 200 países. Esta é uma oportunidade extraordinária para milhares de visitantes conhecerem mais profundamente o que o Brasil tem de melhor: o seu povo.

A importância da Copa do Mundo não é apenas econômica ou comercial. Na verdade, o mundo vai se encontrar no Brasil a convite do futebol. Vai demonstrar novamente que a ideia de uma comunidade internacional pacifica e fraterna não é uma utopia.

(Luiz Inácio Lula da Silva é ex-presidente do Brasil, que agora trabalha em iniciativas globais com Instituto Lula e pode ser seguido em facebook.com/lula).

A 30 dias da Copa !

12/05/2014 às 3:25 | Publicado em Artigos e textos, Zuniversitas | 1 Comentário
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Estamos a 30 dias do início da Copa. Faltando 50 dias recebi um email de um amigo com esses dados. Posto agora para justamente ir “contra a maré da grande mídia” e provocar o pensamento, razão primeira da existência deste blog.

Copa_do_Mundo_2014


50 dias para a Copa, 50 benefícios

A 50 dias de a bola rolar para Brasil x Croácia, na primeira das 64 partidas da Copa do Mundo, o Portal da Copa reuniu uma série de informações que detalham os investimentos feitos em várias frentes para o Brasil receber o Mundial. Investimentos que transcendem, e muito, a construção e reforma das 12 arenas. Envolvem infraestrutura turística, aeroportos, mobilidade urbana, terminais de passageiros em portos e estrutura em segurança que ficará para as cidades-sede. Também incluem qualificação profissional, incentivo ao voluntariado e promoção do artesanato e de eventos culturais com valorização da cultura nacional. Em outra frente, mexe com a economia, antecipa investimentos em telecomunicações, gera empregos em diversos setores e implementa novos padrões de sustentabilidade em obras. Confira:

1. Mais turistas
A Copa aumenta a visibilidade do Brasil e atrai milhares de turistas estrangeiros.

2. Mais turistas gastando mais
Estudo da Embratur mostra que os gastos dos turistas brasileiros e estrangeiros durante a Copa devem chegar a R$ 25,2 bilhões em todo país.

3. Mais estrutura para os turistas
R$ 196 milhões estão sendo investidos em infraestrutura turísticas nas cidades-sede: novos Centros de Atendimento ao Turista, mais sinalização e acessibilidade que ficarão para o país.

4. Mais infraestrutura
A Copa antecipa investimentos em infraestrutura necessários para o Brasil.

5. Melhorias no país
Os investimentos são em mobilidade urbana, portos, aeroportos, estádios, segurança, telecomunicações e turismo.

6. Investimentos
R$ 25,6 bilhões é o total de investimentos nas cidades-sede da Copa, detalhados na Matriz de Responsabilidades.

7. A Copa é do Brasil
As 12 sedes estão espalhadas nas cinco regiões do país.

8. Estádios financiados
Não há dinheiro do orçamento da União nos estádios. Eles foram erguidos com financiamento do BNDES, recursos locais e recursos da iniciativa privada e somam R$ 8 bilhões. O valor será pago de volta ao banco.

9. Saúde e educação
A Copa do Mundo não retirou nenhuma verba dos orçamentos da Saúde e da Educação – ambos aumentam a cada ano.

10. Arenas sustentáveis e seguras
Os 12 estádios da Copa são mais modernos e sustentáveis, e trazem conforto e segurança para os torcedores.

11. Transporte coletivo
São 45 obras de mobilidade urbana que priorizam o transporte coletivo e representam investimento de R$ 8 bilhões. Algumas ficarão prontas depois da Copa do Mundo.

12. Mais transporteOs projetos de mobilidade urbana para a Copa incluem corredores e vias para ônibus, Veículos Leves sobre Trilhos (VLTs), projetos de Bus Rapid Transit (BRTs), estações, terminais e Centrais de Controle de Tráfego.

13. Portos
O investimento em portos é de R$ 587 milhões nas cidades-sede de Fortaleza, Natal, Recife, Salvador e Manaus, além de uma obra em Santos (SP).

14. Aeroportos mais modernos
Os 21 empreendimentos de reforma e construção de terminais aumentarão em 81% a capacidade de recepção de passageiros nas sedes da Copa do Mundo. Isso fica para o Brasil.

15. Investimentos em aeroportos
O investimento nos aeroportos é de R$ 6,28 bilhões, sendo R$ 3,62 bilhões de recursos privados.

16. Brasil em evidência
Um total de 90 aeroportos serão usados na Copa para o deslocamento de delegações, autoridades e público em geral.

17. Reforço na malha aérea
A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) autorizou 1.973 novos voos entre 6 de junho e 20 de julho.

18. Mais voos, mais vagas
A oferta de assentos nos aviões para o período da Copa é 11,5 milhões.

19. Melhorias em telecomunicações
O Brasil está investindo R$ 404 milhões em telecomunicações para a Copa, sendo R$ 233 milhões da Telebras e R$ 171 milhões da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).

20. Tecnologia 4G
A tecnologia móvel 4G, até 10 vezes mais rápida que a atual, já é uma realidade nas 12 cidades-sede.

21. Mais segurança
O investimento em segurança pública no país para a Copa é de R$ 1,9 bilhão.

22. Legado em segurança
Os Centros Integrados de Comando e Controle (12 regionais e 2 nacionais) são um dos grandes legados de segurança para o país.

23. Trabalho voluntário
Até 18 mil participantes do programa Brasil Voluntários do governo federal darão suporte aos torcedores nos pontos principais de movimentação das cidades-sede. Eles receberão certificados da Universidade de Brasília, valorizarão seus currículos e enriquecerão suas experiências pessoais.

24. Empregos
A Copa deve gerar cerca de 710 mil empregos permanentes e temporários.

25. Retorno de investimento
Pesquisa da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) e do Ministério do Turismo mostrou que somente a Copa das Confederações acrescentou R$ 9,7 bilhões ao PIB brasileiro.

26. Acréscimo ao PIB
A expectativa é de que a Copa gere quase R$ 30 bilhões de acréscimo ao PIB Brasileiro (Fonte: Pesquisa Mtur/Fipe).

27. Mais cultura
O investimento na revitalização de museus e de outros equipamentos culturais das cidades-sede é de mais de R$ 50 milhões.

28. Diversidade cultural
O concurso Cultura 2014 abriu espaço para a contratação de 1,2 mil apresentações para reforçar a programação cultural nas cidades-sede.

29. Mais artesanato
O artesanato também terá destaque na Copa com o projeto Vitrines Culturais, que está selecionando 60 mil peças para venda durante o Mundial.

30. Arenas multiuso
As arenas da Copa são multiuso. Além do futebol, recebem shows, congressos e diversos outros eventos.

31. Copa além das 12 sedes
Os Centros de Treinamento escolhidos pelas 32 seleções estão localizados em 27 cidades.

32. Oportunidades
Cerca de R$ 100 milhões já foram gerados em negócios para micro e pequenas empresas por oportunidades ligadas à Copa.

33. Mais exportações
A Agência Brasileira de Promoção de Exportação e Investimentos (Apex-Brasil) atingiu US$ 1,8 bilhão em negócios no Projeto Copa somente durante a Copa das Confederações.

34. Capacitação
Cerca de 10 mil profissionais de saúde foram capacitados para atuar na Copa do Mundo ao longo dos últimos três anos.

35. Saúde
As 12 sedes possuem, ao todo, 531 unidades do (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), 66 Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e 67 hospitais para atender a população local e os turistas durante o Mundial.

36. Torcida em peso
2,57 milhões de ingressos da Copa foram alocados para torcedores brasileiros e estrangeiros até o dia 1º de abril.

37. Recorde de solicitações
A Copa do Mundo no Brasil teve um recorde de solicitações de ingressos. Foram 11 milhões de pedidos.

38. Mais hotéis
R$ 1,03 bilhão foi o valor destinado para a construção ou reforma de hotéis em cidades-sede e redondezas pela linha de financiamento ProCopa Turismo do BNDES.

39. Sustentabilidade
O lixo sólido produzido nos 12 estádios da competição será coletado e encaminhado para reciclagem em cooperativas.

40. Preços justos
Um comitê interministerial foi criado para discutir e fiscalizar tarifas de passagens e hotéis durante o torneio.

41. Transparência
As obras da Copa são fiscalizadas por órgãos de controle regionais e federais, como o Tribunal de Contas da União (TCU) e os tribunais estaduais.

42. Qualificação profissional
166 mil pessoas foram matriculadas em cursos de qualificação do Pronatec Turismo, ultrapassando a meta de 157 mil vagas até a Copa do Mundo.

43. Qualificação turística
O Pronatec Turismo ofereceu 54 cursos de idiomas e profissionalizantes ligados ao setor de turismo em 120 cidades.

44. Integração
A Copa está sendo planejada de forma integrada. Comitê Organizador Local, governos federal e estadual e prefeituras atuam em conjunto na preparação do evento.

45. O mundo de olho no Brasil
Aproximadamente 18 mil jornalistas estão credenciados para a cobertura da Copa. Mais um recorde do Mundial do Brasil.

46. O Brasil campeão
A final da Copa das Confederações atraiu a maior audiência em esportes da TV Brasileira, com cerca de 42 milhões de pessoas sintonizadas.

47. Lembranças da Copa
O Banco Central do Brasil lançou nove modelos de moedas oficiais comemorativas do Mundial, com tiragem de 165 mil exemplares.

48. Selos comemorativos
Os Correios colocaram em circulação 12 selos que retratam as cidades-sede, com tiragem de 600 mil exemplares.

49. Experiência para a vida toda
Cerca de 700 adolescentes terão a oportunidade de vivenciar os jogos da Copa como gandulas.

50. Segurança das fronteiras
A Operação Ágata fará ações de segurança nos quase 17 mil quilômetros de fronteiras brasileiras com os países sul-americanos. Serão mais de 33 mil militares.

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