Ecos do Carnaval/2013: Adeus ao Ziriguidum e ao Papa

17/02/2013 às 18:01 | Publicado em Artigos e textos | 1 Comentário
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Aqui nesta boa Terra da Bahia de Todos os Santos o Carnaval acaba hoje, um domingo depois do Carnaval. Com ele vai também o Papa. De tudo que li, a melhor crônica foi essa do Jãnio Ferreira, como ele mesmo diz: Oremos !

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ADEUS AO ZIRIGUIDUM E A BENTO XVI

Zeca Pagodinho, desiludido com o atual Carnaval, pegou mulher e filhos e se isolou em seu sítio, onde uma banda tocou antigas marchinhas em meio a confetes, serpentinas e muito chope, que ninguém é de ferro. Enquanto isso, milhares de “jovens” brincavam nas ruas do Rio de Janeiro ao som das mesmas marchinhas que ele ouviu durante seu retiro momesco. Já seus filhos, se não fugiram, devem ter ficado ligados nas redes sociais, morrendo de vontade de estar no meio da muvuca com os amigos.

João Jorge, presidente do Olodum, disse que o Carnaval da Bahia virou uma festa de um artista só (Ivete Sangalo) e que, a continuar assim, já era. Enquanto isso, nas ruas da velha São Salvador milhares de “jovens” pulavam e beijavam como se não houvesse amanhã.

Nação Zumbi e outros artistas pernambucanos que ficaram de fora do Carnaval andaram se queixando de que a folia de Recife anda diferente. Enquanto isso, milhares de “jovens” se acabavam no Galo da Madrugada e no Marco Zero, onde a fuzarca foi de Caetano a Milton Nascimento, passando por Titãs, Lenine e muito frevo.

Fiz questão de aspear “jovens” nos parágrafos acima para deixar bem claro que são eles os verdadeiros responsáveis pelo Carnaval continuar sendo a maior festa do País, independentemente da qualidade musical, das estruturas dos blocos e da eterna reclamação de uma turma que pensa que o que faz a folia são as marchinhas, as mortalhas e as serpentinas, quando na verdade o que faz a diferença é a testosterona que à época habitava seus corpos cinturados de mentes fresquinhas, nem aí para contas a pagar, colesteróis e toques retais.

Mas agora que acabou a folia, o assunto é outro. É que junto com Ziriguidum e Largadinho, Bento XVI também está dando adeus aos holofotes. Sem dizer a que veio, há rumores de que um brasileiro poderá substituí-lo. Com Lula fora do páreo (ele jamais diria numa celebração “mea maxima culpa”), sobra Sarney, que, dizem, já enviou Geddel (disfarçado de capuchinho) e uma tropa de cardeais do PMDB ao Vaticano. Oremos.

Garcia

17/02/2013 às 11:50 | Publicado em Artigos e textos, Zuniversitas | Deixe um comentário
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Não, não é a famosa ‘Mensagem a Garcia‘ e nem se trata, mesmo que em tempos carnavalescos nesta bela cidade do Salvador, da jocosa ‘Mudança do Garcia‘. Trata-se, mais uma vez, de tentar mostrar um lado que a mídia não mostra, e colocar personagens e passagens que muitos desconhecem, inclusive eu. Confiram:

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Nem descalço, nem de joelhos (Leandro Fortes)

Toda essa movimentação de corvos e abutres em torno da saúde de Marco Aurélio Garcia, inclusive a denúncia (!) da Folha de S.Paulo dando conta de que ele foi operado com recursos dos SUS, esconde um recalque dolorido em relação ao assessor internacional da Presidência da República.

Garcia, chamado de MAG pelos amigos (dele, eu não o conheço), é um dos principais articuladores do Foro de São Paulo, o movimento contra-hegemônico das esquerdas latino-americanas à política de submissão da região aos interesses dos Estados Unidos e das corporações capitalistas do Velho Mundo.

Nos anos 1990, foi a iniciativa de Marco Aurélio Garcia que alimentou nosso sentimento de soberania e autodeterminação quando tudo o mais era ditado pelo Consenso de Washington e pelo FMI, cartilhas às quais o governo brasileiro, da ditadura militar aos anos FHC, seguiu como um cordeirinho adestrado.

Eleito Luiz Inácio Lula da Silva, coube a Garcia, ao lado dos embaixadores Celso Amorim e Samuel Pinheiro Guimarães, reorientar a diplomacia brasileira de modo a tirar o Brasil, uma imensa nação potencialmente rica e poderosa, de sua condição subalterna e levá-lá a um protagonismo inédito e, de certa forma, perturbador dentro da ordem mundial.

Ao fazer isso, Garcia fez o mundo lembrar o ponto de degradação a que tínhamos chegado: em 2002, o embaixador Celso Lafer, ministro das Relações Exteriores, chanceler do Brasil no segundo governo FHC, foi obrigado a tirar os sapatos no aeroporto de Miami, por ordem de um zelador da alfândega dos EUA.

Em vez de dar meia volta e fazer uma reclamação formal à Casa Branca, Lafer botou o pezinho para fora e o rabo entre as pernas. Foi o auge da política dos pés descalços e da diplomacia de joelhos.

Então, essas pessoas que, hoje, sem um argumento melhor, ficam pateticamente perguntando se Marco Aurélio Garcia ao menos entrou na fila do SUS, estão, na verdade, naquela empreitada envergonhada, pessoal e impublicável dos que torciam secretamente pelo avanço dos tumores que um dia atormentaram a vida e o futuro político de Lula e Dilma Rousseff.

Sem voto, sem popularidade e despidos de humanidade, jogam todas as fichas no câncer – ou na fraqueza do coração – alheio.

Matar poetas tem sido o grande prazer dos fascistas

17/02/2013 às 11:30 | Publicado em Artigos e textos, Zuniversitas | Deixe um comentário
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Há um movimento no sentido de investigar a morte de Pablo Neruda. Isso acontece também com outras figuras históricas, vale lembrar o caso de Anísio Teixeira no Brasil, que apesar de não ser nem poeta nem ganhador de Nobel foi um dos maiores educadores que este país conheceu. Recomendo mais este artigo de Santayana.

neruda

 


Pablo Neruda – Como se matam os poetas (por Mauro Santayana)

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A justiça chilena determinou a exumação dos restos mortais do cidadão chileno Neftaly Ricardo Reyes, o poeta Pablo Neruda. Suspeita-se que Neruda tenha sido envenenado pelos esbirros de Pinochet, dias depois da morte de Allende, no golpe de 11 de setembro de 1973 – há quase 40 anos. Neruda, que se preparava para asilar-se no México – em uma concessão dos golpistas, sob pressão internacional – foi internado em uma clínica, com uma crise prostática. Ali, segundo denúncia de seu motorista, recebeu a falsa medicação que o matou.

Os poetas – e poucos que redigem poemas conseguem ser realmente poetas – pertencem a outra espécie de seres humanos. Encontram-se na vanguarda das emoções e dos sentimentos. Isso leva a maioria deles a desfazer-se dos escolhos das circunstâncias e exilar-se em geografia e tempo alheios, mas sem perder a bússola da realidade, sem perder sua paisagem e sem perder o seu povo.

O Chile teve dois prêmios Nobel de Literatura. O primeiro foi outorgado, em 1945, a Lucila de Maria del Perpétuo Socorro Godoy Alcayaga, que usou o nome de Gabriela Mistral. Pablo e Gabriela foram amigos. Quando Gabriela fez 15 anos, em 1904, Neruda nasceu. Gabriela, com seu nome literário, homenageou dois grandes poetas de seu tempo, o italiano Gabriele d’Annunzio e o francês da Provença, Fréderic Mistral.

Pablo Neruda, com seu pseudônimo, prestou  homenagem ao grande poeta tcheco  do século 19, Jan Neruda – que denomina a mais bela das ruas de Praga e uma das mais bonitas do mundo, a que saí de Mala Strana e sobe ao castelo de Hradcany. Os quatro, ícones e discípulos, tiveram a marcá-los o sentimento nacionalista.

Matar poetas tem sido o grande prazer dos fascistas contemporâneos e dos tiranos de todos os tempos. O assassinato de Federico Garcia Lorca é conhecido. O autor de Romancero Gitano, traído, por medo, pelo amigo que o escondera, foi fuzilado nos primeiros dias da insurreição de Franco, por ordem do general Queipo de Llano. Neruda – que foi um dos melhores amigos do povo brasileiro – pretendia, do exílio, lutar contra Pinochet.  É o que parece ter ocorrido contra Pablo Neruda. Matar de forma dissimulada é uma prática também dos serviços norte-americanos, como a CIA reconhece.

Há várias formas de matar os poetas. O fascismo, sendo o avesso do humanismo, é o assassinato permanente da poesia – e dos poetas. O franquismo, além de fuzilar  Lorca, matou de tifo e tuberculose, na prisão, Miguel Hernández, aos 31 anos; e alguns outros, como Antonio Machado, de tristeza, solidão e angústia, no exílio, como Antonio Machado.

Mesmo que não houvesse sido envenenado, Neruda morreu com o golpe. Morreu com os escolhidos no Estádio Nacional de Santiago, e chacinados por ordem do usurpador. Morreu com sua gente.

Brothers in Arms

17/02/2013 às 3:08 | Publicado em Midiateca | 1 Comentário
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