E se o tempo não tiver uma só direção?

05/03/2015 às 3:39 | Publicado em Artigos e textos, Zuniversitas | 3 Comentários
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Como gosto muito de Ciências e já me aventurei a ensinar a disciplna CFB a alunos de 5ª e 6ª Séries do que se chamava na época Primeiro Grau, sempre que posso coloco algo sobre o assunto aqui. Fiz isso com Física e Computação Quântica em outros posts, volto agora com esse artigo interessante e de ponta.

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E se o tempo não tiver uma só direção?

Cientistas propõem novas teorias e especulações sobre a natureza unidirecional do tempo no Universo.

Da gravitação de Newton à relatividade de Einstein, as equações que descrevem as leis da física de nosso Universo funcionam igualmente bem, ande o tempo para frente ou para trás. Apesar disso, para qualquer ponto que observamos no Cosmo ele parece seguir sempre numa única direção. Um copo d’água que caiu da mesa e se espatifou no chão não volta milagrosamente intacto para cima dela, nem uma estrela distante que explodiu em uma supernova e se transformou em um buraco negro volta a brilhar. Explicar essa aparente natureza unidirecional do tempo desafia filósofos e cientistas há séculos e, nos últimos anos, tem sido alvo de novas hipóteses, entre elas a recente proposta feita por um trio de físicos de que o Big Bang produziu dois Universos espelhados, cada um com o tempo correndo para um lado.

Para começar a entender os mistérios em torno do tempo e as estranhas teorias sobre sua natureza que estão surgindo ultimamente, no entanto, precisamos justamente voltar atrás. Desde a Antiguidade, a sucessão regular dos períodos de Sol e escuridão nos deu os dias; a mudança nas fases da Lua, os meses; e a alternância de estações, os anos. Mas dias, meses e anos, assim como segundos, minutos e horas, são apenas medidas arbitrárias, que nada dizem sobre a verdadeira natureza do tempo.

O FIM DO “TEMPO ABSOLUTO”

Assim, até o início do século XX, filósofos e cientistas consideravam o tempo “absoluto”, uma “propriedade emergente” do Universo que deveria passar em ritmo igual para qualquer observador ou coisa dentro dele. Einstein, no entanto, provou que isso não era verdade. Com sua Teoria da Relatividade, que descreve o Universo sob a óptica do “espaço-tempo” – composto pelas três dimensões espaciais mais uma temporal -, ele previu que campos gravitacionais intensos, como os próximos de um buraco negro, assim como deslocamentos a altíssimas velocidades, perto da da luz, deformam essa estrutura a tal ponto que esticam ou comprimem tanto as dimensões espaciais quanto a temporal de maneiras extremas. O tempo, então, passou a ser “relativo” à posição e ao movimento do observador.

A queda da noção do tempo absoluto obrigou os cientistas a buscarem outras explicações para sua natureza, e uma opção foi encontrada no campo da termodinâmica. De acordo com sua segunda lei, todo sistema fechado tende a aumentar seu nível de desorganização, ou entropia (o que não deve ser confundido com desequilíbrio). Isso implica que nosso Universo, visto como um sistema fechado, surgiu de um estado de grande ordem, ou baixa entropia, e a passagem do tempo nada mais é que uma consequência de seu inexorável caminho rumo à desorganização, como o copo quebrado que não volta a ficar inteiro, até atingir um ponto máximo e, portanto, um equilíbrio perfeito. Era a “seta do tempo”, como o astrofísico Arthur Eddington a chamou em 1927.

Com a descoberta, nos anos 1960, da radiação cósmica de fundo, o chamado “eco” do Big Bang, essa visão do tempo “termodinâmico” ganhou ainda mais força, já que a dita “singularidade” – cuja “explosão” há cerca de 13,8 bilhões de anos teria dado origem ao nosso Universo – estaria em um estado de quase absoluta ordem. Mas aqui surgem novos problemas. Para explicar a aparente ordem que ainda vemos no Cosmo, com seus planetas, estrelas, galáxias e aglomerados de galáxias, e da qual somos produtos, os cientistas desenvolveram diversas teorias envolvendo um fenômeno chamado “inflação”, um período da infância do Universo em que ele teria se expandido a uma velocidade muito além da velocidade da luz – que a relatividade diz ser o limite máximo para qualquer coisa dentro dele. Além disso, para combinar com nossas observações do Universo, parâmetros dessas teorias devem ser constantemente ajustados a fim de que ele possa ter surgido de um estado de baixa entropia. E, para muitos cientistas, teorias que devem ser ajustadas toda hora simplesmente não são boas teorias.

Assim, numa tentativa de abrir o leque de opções para explicar a natureza do tempo, os físicos Julian Barbour, Tim Koslowski e Flavio Mercati apresentaram recentemente a ideia de que o que vemos como uma seta unidirecional na verdade é apenas metade de uma história que não requer um estado original de baixa entropia bem ajustado, mas é resultado inevitável da ação de outra força universal e ainda não completamente decifrada, a gravidade. Em simulações de computador de um Universo em miniatura em que suas partículas interagem por meio da gravidade, eles verificaram que o sistema atinge espontaneamente um estado de baixa complexidade para, depois, expandir-se em duas direções opostas de tempo – isto é, o mesmo Big Bang pode produzir dois futuros simétricos, sendo um o “passado” do outro, com a própria gravidade se encarregando de criar estruturas ordenadas equivalentes aos planetas, estrelas, galáxias e aglomerados de galáxias. Em outras palavras, vemos o tempo correr em uma única direção porque só podemos ver metade do Universo.

– Essa situação de dois futuros exibiria um único e caótico passado em ambas direções, o que significa que teríamos essencialmente dois Universos, um de cada lado deste estado central – explicou Barbour.

FONTE: http://www.universitario.com.br/noticias/n.php?i=17329

OUTRO LINK: http://oglobo.globo.com/sociedade/ciencia/e-se-tempo-nao-tiver-uma-so-direcao-15140048

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